quarta-feira, 30 de março de 2011

Compreendendo o desenvolvimento “normal” da linguagem e da fala do meu filho

Dúvidas sobre quando recorrer a um especialista são muito frequentes entre os pais de crianças que começam a falar tardiamente. A menos que tenham observado desfasamentos noutras áreas durante o desenvolvimento precoce, os pais podem hesitar em procurar o aconselhamento de um terapeuta da fala. Muitos podem dizer a si próprios que o filho alcançará a fala dos pares com o tempo ou que o filho não fala porque se interessa por “coisas mais físicas”.
Saber o que é “normal” e o que não é no desenvolvimento da linguagem e da fala pode ajudá-lo a perceber se deve ficar preocupado ou se o seu filhote está dentro dos parâmetros esperados.
  • Antes dos 12 meses
Esteja atendo aos sinais que o seu bebé faz para se relacionar com o ambiente. Balbuciar e fazer outros sons fazem parte dos primeiros acontecimentos do desenvolvimento da linguagem. À medida que os bebés crescem vão emparelhando sons e incorporando diferentes tons (entoação), formando encadeamentos de sílabas que se podem parecer com palavras, mas que para eles não têm ainda significado.
Nesta fase, os bebés devem também estar atentos aos sons e começar a reconhecer nomes de objectos/entidades comuns (e.g. bola, mamã, mano). Bebés que observam atentamente o ambiente, mas que não reagem ao som, podem estar a demonstrar um sinal de perda auditiva.
  •  Dos 12 aos 15 meses
Nesta idade as crianças devem já ter aumentado a panóplia de sons do balbucio (e.g. p, b, d, m) e começar a imitar e a aproximar-se de sons e palavras modelados pela família. Podem surgir algumas palavras espontaneamente, particularmente, nomes concretos e significativos (e.g. bebé, bola).
Nesta altura, o seu filho deve também ser já capaz de compreender e seguir ordens simples, com uma instrução (e.g. Dá-me a bola, por favor.)
  • Dos 18 aos 24 meses
Antes dos dois anos existe uma grande variabilidade em termos de vocabulário, podendo as crianças dizer entre 50 a 100 palavras.
Por volta dos dois anos, as crianças começam a combinar duas palavras para formar frases muito simples, como “bebé chorar”. Nesta idade devem ser capazes de identificar objectos comuns, indicar algumas partes do corpo em si próprios e seguir ordens com duas instruções (e.g. Por favor, pega no carro e dá-mo). 
  • Dos 24 aos 36 meses
Neste ano os pais testemunham uma explosão de palavras. O vocabulário do seu filho deve aumentar exponencialmente (são tantas palavras que já nem consegue contá-las) começando a combinar três palavras em frases simples.
Também a compreensão deve aumentar, passando a compreender noções mais abstractas como “põe a boneca em cima da mesa” ou “põe a bola debaixo da cama”. Deverá também começar a identificar as cores e compreender elementos descritivos como grande e pequeno.
  • Dos 36 aos 48 meses
Faz-se compreender cada vez melhor. Descreve alguns acontecimentos do quotidiano, mas não liga à ordem pela qual ocorreram. Sabe dizer o seu nome, a sua e idade e se é menino ou menina. Responde a questões do tipo “quem?”, “onde?” e “o quê?”. Conhece já as principais cores e formas geométricas.
  • Dos 48 aos 60 meses
Consegue nomear cores e formas sozinho. Tem curiosidade e pergunta o significado de palavras que desconhece. Já articula correctamente a maioria dos sons. Em situação de conversa, consegue conversar sobre um assunto durante mais tempo (mantém o tópico). Cumpre ordens cada vez mais complexas.
  • Dos 60 aos 72 meses
Conta histórias, mas nem sempre as acaba. Adquire as noções temporais (manhã, tarde, ontem, amanhã, dias da semana) e aprende os números, associando-os à quantidade.
Em termos de articulação, pode ainda ter dificuldades em palavras com grupos consonânticos (duas consoantes juntas, como em prato, brincar).


No fundo, crescer e adquirir a linguagem é uma aventura. Num grupo de crianças, umas escalam esta montanha mais rápido do que outras, mas todas devem escalar a um ritmo que lhes permita andar de mãos dadas com os seus pares. Em caso de dúvida, aconselhe-se com um terapeuta da fala, é para isso que eles existem!

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